domingo, 8 de setembro de 2013

Tecnologias: escravidão digital ou emancipação analógica?

  • Tecnologias: escravidão digital ou emancipação analógica?

    O Diário lembrou, no domingo (6 de setembro), que a internet está completando 40 anos. Para uma parte da geração de jovens, adolescentes e crianças ela sempre existiu. Digo uma parte porque nem todos têm acesso à rede. São os chamados excluídos digitais.

    Mas o fato é que essa jovem senhora de 40 anos está em nosso meio, permeando nossas relações profissionais e pessoais, transformando o nosso cotidiano. 

    Como aconteceu dia desses... Estava entrando no elevador do aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba, com meus dois pendrives pendurados ao pescoço, quando me fizeram o seguinte comentário: ¿Nossa, eu já vi muitas pessoas carregarem um pendrive, mas dois é a primeira vez. Isso que é escravidão digital!¿

    Essa expressão ¿escravidão digital¿ fez-me refletir acerca da inserção das tecnologias em nossa sociedade, bem como seus aspectos mais evidentes. Será que a internet e toda a revolução tecnológica trouxeram para nossa época uma escravidão digital ou emancipação analógica? 

    São dois pontos de vistas, dois modos de ver. Quando pensamos que a era digital veio nos emancipar e nos libertar de algumas rotinas e atividades, podemos pensar que estamos passando por um processo de ganho, superação e liberdade.

    Hoje podemos ir ao banco (virtualmente falando) e verificar nossas contas e transferências sem sairmos de casa. Podemos comprar passagens aéreas, de móveis a panelas, e outras muitas coisas por meio de alguns toques ao teclado do computador. Comunicamos via e-mail, via redes sociais, como Orkut e Facebook. 

    Conversamos sincronicamente pelo MSN ou Skipe, com diferentes pessoas, em diferentes lugares. Essas tarefas hoje demandam menos tempo, menos deslocamentos, menos esperas. No meu pendrive posso levar minhas músicas, filmes, vários textos, livros digitais e arquivos complexos para qualquer lugar, sem peso, sem volume. 

    O que antes não era possível, ou mais difícil, está muito mais simples. Por outro lado, a tecnologia pode também escravizar. Pensemos um pouco na condição do ser escravo. Escravo é aquele que não tem liberdade de escolha, que está sujeito a um cativeiro, que não consegue administrar a sua própria vida. 

    Essa relação de prisão pode sim ocorrer na relação tecnologia-homem. Há aqueles que se viciam no uso de tecnologias, mergulhando cotidianamente no mundo digital, perdendo a interação e o contato social presenciais. 

    Desejam e permanecem tanto online que, quando não estão conectados, sentem-se isolados, irritados, chegando a desenvolver fobia social e problemas de atenção. Qualquer tipo de vício é cativeiro e tolhe a liberdade de qualquer cidadão. Como já atestou o neurocientista Gary Small ¿a tecnologia traz problemas quando usada em excesso¿.

    No entanto, se usarmos as tecnologias para suprir nossas demandas, sem nunca nos esquecermos do bem comum, podemos nos apropriar da internet, pendrives, iPod e todo e qualquer aparato tecnológico. 

    Portanto, àqueles que esperavam por uma resposta unilateral, faço minhas as palavras do filósofo da informação, o francês Pierre Lévy que já pontuou: vivemos em um dilúvio informacional e este nunca cessará.

    Teremos, que nos adaptar às novas formas de ver mundo e ensinar a nossa geração para o uso consciente das tecnologias, ensinando-a a navegar sob o mar de informações de uma nova complexidade universal.

    Nem salvação, nem perdição. Nem escravidão, nem emancipação. Como ocorre com qualquer ferramenta, as tecnologias vigentes podem ser utilizadas de forma autônoma, emancipadora e interativa se nós, cidadãos e sujeitos de nossa própria história, fizermos o exercício de antes compreender a natureza das tecnologias que aí estão e refletirmos sobre o seu potencial. Depende da maturidade ética de quem as usa e para quê fim.


http://www.odiario.com/opiniao/noticia/225560/tecnologias-escravidao-digital-ou-emancipacao-analogica/

Como não virar um escravo da internet?

Já somos quase 70 milhões os brasileiros ligados à grande rede e estamos entre os maiores consumidores de internet no mundo. Segundo pesquisa Ibope Nielsen Online, consumimos em média 66 horas por mês navegando em alguma das mil plataformas que o mercado não para de criar. Dá mais de duas horas por dia.
Além do nosso tempo, gastamos também um bom dinheiro para isso: de acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), a assinatura de serviço de internet banda larga já responde por 9,6% da renda média dos usuários.
Pela internet, podemos fazer de um quase tudo: trabalhar, estudar, nos informar, brincar, namorar, jogar, comprar, fechar negócios, cuidar dos filhos, acompanhar novelas ou o futebol, até fazer sexo à distância.
Do primitivo e pesadíssimo computador portátil do começo dos anos 90 do século passado, que a gente chamava de “marmita” nas redações, e que depois ganhou uma infinidade de nomes e modelos, aos iPad e iPhone e o diabo a quatro, foi uma evolução tão rápida e violenta que nem nos demos conta de como a internet mudou as nossas vidas.
Quando fui convidado pelo jornalista Caio Túlio Costa, então presidente do iG , no começo de 2008, a criar um blog no portal, resisti até onde pude, argumentando que já estava velho para virar um escravo da internet, tinha medo de deixar de ser dono do meu tempo.
Além disso, achava que já havia blogs demais no mercado e, um a mais ou a menos, não faria a menor diferença nesta selva eletrônica. Pois ele acabou me convencendo, argumentando, além de oferecer um bom salário, que esta era a melhor forma de prosseguir no jornalismo, que não havia futuro para nós fora da internet. 
No começo, ainda procurei me disciplinar, reservando horários para atualizar o blog e fazer a moderação de comentários. Com o passar dos dias, este tempo foi-se alargando gradativamente, sem que eu percebesse. Virou um trabalho online full-time, em que abro o computador antes das nove da manhã e só fecho depois das nove da noite, em dias normais.   
Fora o trabalho no Balaio propriamente dito, esta função de blogueiro me obriga a acompanhar o noticiário nos diferentes portais e a estar sempre consultando as mensagens que recebo sem parar porque é daí que tiro novos temas para poder comentar.
“Você está ficando viciado nisso!”, a família começou a reclamar, com razão. Não adiantava explicar que este é meu trabalho, meu ganha pão, o que me permite pagar as contas no fim do mês, e não um hobby, um brinquedo eletrônico como acontece com muita gente que não sai do computador.  
No último feriadão, durante o retiro espiritual anual com os meus Grupos de Oração num hotel-fazenda no interior de São Paulo, dei-me conta do estágio a que havia chegado. O tema do encontro era “Alegria e Silêncio”, mas eu continuava na mesma rotina como se não tivesse saído do meu escritório.
Procurei me dividir entre as atividades dos grupos, o convívio com a mulher, os amigos e os três netos que foram com a gente e o notebook, sempre ligado na varanda da piscina _ algo, claro, impossível de conciliar.
“Fecha esse negócio!”, cansaram de me pedir os amigos e os netos toda vez que me viam trabalhando. Era como se eu fosse um ET num ambiente dominado pela meditação, a espiritualidade, o transcendente, por alguns dias deixando as pessoas longe do mundo externo e dos seus compromissos.
Ninguém queria saber das notícias que não paravam de ser produzidas em algum lugar lá fora. E para mim era difícil me concentrar nos textos bíblicos e nas reflexões levantadas pelos companheiros orantes. Dava a impressão de vivermos em dois mundos diferentes. Prometi aos colegas que não levarei mais o notebook nos nossos próximos retiros. Eles tinham toda razão ao me repreender, e aproveito para agradecer a todos.
Lembrei-me do amigo Zélio Alves Pinto, o grande cartunista e artista plástico, também membro dos Grupos de Oração, mas que não estava neste retiro. Ele passava o dia criando suas obras no ateliê instalado nos fundos da sua casa. Um dia, seu filho Fernando, que estava começando a ir à escola, lhe perguntou:
“O senhor nunca vai trabalhar como os pais dos meus colegas, que saem de manhã e voltam à noite? Fica só aí desenhando o dia inteiro?”
Como acontece com meus netos, Zélio também teve dificuldades para explicar a Fernando que aquele era seu trabalho.
Mas ainda bem que não estou sozinho nesta batalha, dividido entre o trabalho na internet, a família e os amigos, sem falar nos outros compromissos profissionais (reportagens para a revista Brasileiros, palestras, consultorias).
“Abuso de aparelhos eletrônicos provoca conflito cerebral”, leio hoje na página C9 da Folha, que trata exatamente deste problema.
Trecho da matéria de Matt Richtel, reproduzida do “The New York Times”:
Quando um dos e-mails mais importantes da vida de Kord Campbell chegou à sua caixa de entrada, há alguns anos, passou batido por 12 dias. Uma companhia grande queria comprar sua empresa de internet.
A mensagem tinha passado por ele em meio a um mar de eletrônicos: duas telas de computador com e-mail, chats, navegador de internet e o código de um programa de computador que ele estava escrevendo.
Mesmo conseguindo salvar o negócio de US$ 1,3 milhão, Campbell continua a se debater com os efeitos do excesso de informação.
Depois de se desplugar, ele sente falta do estímulo que recebe de seus “gadgets”. Campbell se esquece do jantar e não consegue se concentrar na família.
Cientistas dizem que fazer malabarismo com e-mail, celular e outras fontes de informação muda a maneira como as pessoas pensam. Nossa concentração está sendo prejudicada pelo fluxo intenso de informação.
Esse fluxo causa um impulso promitivo de resposta a oportunidades ou ameaças imediatas. O estímulo provoca excitação – liberação de dopamina – que vicia. Na sua ausência, vem o tédio.
Como não adianta só constatar as coisas e não tomar nenhuma providência prática, vou fazer uma experiência esta semana. Embarco na quinta-feira com minha mulher para uma viagem de lazer ao Chile, algo que não nos permitimos faz muito tempo, a convite do meu velho e bom amigo José Graziano e sua doce mulher Paola. Desta vez, não vou levar o notebook nem procurar uma lan house.
Já escrevi demais por hoje. Preciso ir ao barbeiro e tomar várias providências para a nossa viagem. Deixo a pergunta do título para os caros leitores responderem.
Tem jeito?

fonte: http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/2010/06/08/como-nao-virar-escravo-da-internet/?doing_wp_cron

A era da escravidão digital

A era da escravidão digital

Ficar sem internet é uma tortura e checar as mensagens e os e-mails virou um vício difícil de superar

Mikaella Camposmalmeida@redegazeta.com.br

Marcelo Botelho é apaixonado por tecnologia. E esse amor refletiu na sua escolha profissional. Dono de duas empresas na área, o empreendedor precisa ficar o tempo todo conectado. Mas já sofreu muito mais com essa chamada escravidão digital vivida pelos profissionais de hoje. 

Quando ia para casa, depois de mais uma jornada de trabalho, ele monitorava o atendimento aos clientes pelo notebook. Na hora de dormir, o celular continuava ao seu lado. Ele chegava a ficar mais de 18 horas ligado. "Essa angústia não tinha fim. Não conseguia cuidar mais de mim", conta. 

Assim como aconteceu com Botelho, muitos profissionais vivem 24 horas "plugados" às atividades. Alguns chegam a ter mais de três aparelhos de celular para garantir acesso à rede o tempo todo. Além dos smartphones, esses trabalhadores estão sempre com um tablet ou um notebook. Ficar sem internet é quase uma tortura e checar as mensagens e os e-mails virou um vício difícil de superar.

Mesmo depois de um dia tenso de trabalho, essas pessoas acreditam que existe a necessidade de dar mais uma analisada nos relatórios das empresas. Alguns documentos ou programas são armazenados na "nuvem" (espaços na internet) para serem acionados de qualquer lugar.

A gama de recursos oferecidos pelo mercado é tentadora para quem tem um perfil workaholic, ou seja, é viciado em trabalho. Esses brinquedinhos acendem a vontade de mostrar produtividade e de continuar, em casa ou na rua, o que se iniciou no empresa.

CrackBerries
No mercado, esses profissionais já são apelidados CrackBerries, uma referência aos usuários de BlackBerry que se comportam com a mesma compulsão que os viciados em crack para olhar as mensagens que recebem do patrão ou dos clientes.

Marcelo, por exemplo, encontrou uma solução para sua vida de conectado. Os sistemas desenvolvidos pela sua corporação, principalmente para empresas da área de saúde, são monitorados 24 horas por dia por uma espécie de robô. "Ainda ando com dois celulares e fico sempre com um notebook na bolsa. Mas não preciso mais verificar a todo instante se os sistemas estão em pleno funcionamento. Só quando ocorre um problema, grave meus smartphones são acionados. Mas hoje consigo me desligar do trabalho e ter momentos de lazer".

Outro profissional que trabalha com área digital, Celso Fortes, alerta sobre o estresse gerado devido ao comportamento 100% on-line. "Costumo dizer que hoje é o computador que espera o homem ligar. É impossível acompanhar a máquina. É capaz de o trabalhador pifar antes do notebook", brinca.

Segundo ele, vários profissionais ainda não sabem lidar com a informação. "Eles ficam ansiosos e querem uma resposta imediata. Antes as pessoas tinham paciência para esperar um retorno de um negócio. Às vezes, demorava dias. Agora, o trabalhador não consegue esperar e, por isso, vive sempre em hora extra, mesmo estando em casa", disse.

É preciso criar rotina para acessar iPhone

Para todo executivo, um smartphone é algo imprescindível. O aparelho funciona como uma espécie de agenda. É possível verificar informações importantes, acessar os e-mails e até conversar com colegas por meio das redes sociais. E o gerente de projetos da Inflor, empresa de Tecnologia da Informação, Jonas Lugon, aprendeu a controlar o uso do seu iPhone. "O segredo é não olhar. Também estabeleci uma rotina. Saio todo o dia, por volta das 17 horas da empresa, faço atividades física e depois tento relaxar. Só dois dias da semana que me permito utilizar o aparelho fora do ambiente profissional, quando me comunico com funcionários da empresa que atuam no Chile e na China", disse. Todo esse controle tem um motivo. Jonas já foi escravo do trabalho. "Eu não conseguia nem sentar na mesa de um bar para conversar com amigos, pois eu monitorava o trabalho da empresa pelo celular. Agora, só trabalho fora do horário se alguma emergência acontecer", explica.

Você no controle
Grudado no Smartphone
Ele não desgruda do celular nem para almoçar e sair com os amigos. É o tempo todo esperando uma mensagem do trabalho. Geralmente, fica tenso, checando o email a toda hora, com medo de receber uma mensagem importante.

Dormindo com o inimigo

O Iphone e o Blackberry permitem que o trabalhador receba notícias em tempo real do seu escritório. No entanto algumas pessoas chegam a dormir com o aparelho de baixo do travesseiro e acordam, várias vezes, à noite, para verificar emails e mensagens.

Companheiro de todas as horas
Para não ficar desconectado, sem internet, sem cobertura, há profissional que carrega de dois a três aparelhos celulares, mais um tablet e um notebook por onde vai.

Cheio de "tarefa" em casa

Ao chegar em casa o viciado em trabalho não consegue descansar. Em vez de jantar e ficar com a família, ele pega o notebook e tenta dar continuidade ao trabalho. Alguns conseguem ter acesso à rede da empresa de casa e por isso trabalham até altas horas. No outro dia, o cansaço é evidente a sensação de baixa produtividade aumenta.

Medo de não ser bom

A princípio, o viciado em tecnologia é produtivo. Com o tempo, essa característica se transforma em ansiedade. E o trabalhador é incapaz de viver longe de um aparelho celular ou notebook. Ele quer checar mensagens o tempo todo para mostrar que é produtivo e que está atento às necessidades da empresa.

Sempre diz sim

Em seus momentos de lazer ou descanso, esse trabalhador sempre diz "sim" para o chefe. Às vezes, ele fica de stand by, à espera de das ordens superiores. O problema é que esse profissional vive a tensão minuto a minuto.

Tenha bom-senso

Se a empresa lhe der um smartphone, saiba que o aparelho é apenas uma ferramenta de produtividade, não um benefício. Ele vai ajudar você a trabalhar melhor, mas na hora do descanso é importante desligá-lo. Verifique com a empresa os horários que o aparelho deve ficar em funcionamento. Deixe claro que você não quer ficar conectado fora do seu horário de trabalho.

Casa é casa, trabalho é trabalho
Trabalhar em casa não é dever de casa. Ao sair do serviço, é importante se desconectar por completo. Ninguém é feliz ficando 24 horas em hora extra. Evite levar trabalho para casa e se for usar o computador, fuja dos e-mails corporativos.

Você é o chefe
Todo trabalhador precisa saber dominar sua vida profissional. E controlar a tecnologia é importante. Não deixe os aparelhos digitais, como o computador, o notebook, o smartphone mandarem em você. Lembre-se, você deve ser o chefe. Se esses aparelhinhos começarem a controlar sua vida, o resultado no final pode ser estresse. É mais fácil você pifar do que o computador. Então, use tudo com moderação.

Localize-se no ambiente digital
Em vez de se concentrar, o trabalhador pode cair num grande labirinto que é a internet e isso pode atrapalhar o desempenho no trabalho e provocar a necessidade de horas extras de trabalho.

Não se gabe
Não ache legal ficar 18 horas por dia plugado no computador ou no celular, por causa do trabalho. Hora extra tem limite.

Tenha momentos de lazer
Se você fica muito tempo no computador, tente ter momentos de lazer longe desse brinquedinho. Assim, você evita ficar viciado em olhar mensagens, procurar notícias e informações profissionais.

Seja um worklover
Em vez de workholic, seja um worklover. Tenha uma paixão saudável pelo trabalho. Não é pecado ter uma dedicação especial pela vida profissional, desde que a pessoal esteja equilibrada.

Especialistas condenam uso em excesso
Estar conectado na maior parte do tempo para algumas pessoas é reflexo de produtividade. Para as empresas de recursos humanos, isso pode significar insegurança e falta de planejamento. A dica para não ser escravizado é conseguir dominar a vontade de acessar aos recursos tecnológicos.

O headhunter Ricardo Nogueira, da empresa de seleção Junto Brasil, explica que é irreversível o avanço da tecnologia sobre as relações de trabalho, mas é preciso bom senso ao usá-la.

Segundo ele, ao receber um smartphone da empresa, por exemplo, o profissional precisa entender que o aparelho é uma ferramenta de produtividade e não benefício.

É importante, então, não usar o aparelho como uma ferramenta de diversão nem ficar refém das suas funções.

Alguns aparelhos, como iPhone e o BlackBerry, por estarem ligados à internet, recebem e-mails e avisam o usuário sobre as mensagens. Então, ao chegar em casa, a saída é desligar o equipamento.

"A convergência da tecnologia com o ambiente de trabalho é forte. Mas o trabalhador, ao chegar em casa, precisa se desconectar. Se não fizer isso, a pessoa começa a ter paranóia por acreditar que todas as mensagens são importantes e não é capaz de passar momentos com a família", disse.

Para se livrar da escravidão do smartphone ou notebook, o trabalhador deve ser mais organizado, ter hora para entrar e sair do trabalho. E nas horas de folga, privilegiar atividades de lazer que fogem um pouco da rotina do computador, como ir ao cinema, praças e shopping.

O impacto da Tecnologia da Informação na sociedade do futuro

O impacto da Tecnologia da Informação na sociedade do futuro
O impacto da TI na sociedade do futuro é imprevisível, sabemos sim que a evolução tecnológica impactará fortemente nos aspectos econômicos, políticos, institucionais, sociais e culturais da nossa civilização.
O problema está em tentar prever qual a grandeza do impacto ou como o processo se desenrolará.
Existem hoje várias linhas de pesquisas ou grupos e projetos de pesquisas e produção científica de laboratórios de Inteligência Artificial, Rede Neural, Robótica, Lógica Nebulosa, Computação evolucionária, etc.
A Tecnologia da Informação e os sistemas aplicativos que ela utiliza tornaram-se altamente complexos e caros, ao mesmo tempo em que são estratégicos nos diferentes ambientes onde atuam. Essas características exigem padrões de qualidade cada vez mais apurados, não apenas da infra-estrutura tecnológica adotada, como também dos produtos desenvolvidos. No Brasil, estudos realizados, enfocando a qualidade do setor de software, mostraram a necessidade de um esforço conjunto e significativo para aumentar a maturidade dos processos de desenvolvimento dos produtos das nossas empresas.
Também no exterior, o modelo do SEI (Software Engineering Institute) vem se consolidando como referência. O CMMI (Capability Maturity Model Integration) inclui novas disciplinas, como engenharia de sistemas (incluindo hardware e redes), toda a parte de contratação de serviços, critérios de definição de fornecedores. A certificação da equipe nesse requisito de qualidade tornará a empresa uma referencia (benchmark).
A tendência é que cada vez mais haja uma padronização das atividades de forma que o serviço seja entregue igual em qualquer região do mundo, e que isso seja um fator competitivo para a empresa.
Com a fábrica de Software a tendência é que os custos caiam em até 30% o que vai aumentar ainda mais a competitividade do Brasil com relação à Índia, atualmente o país que possui a maior representatividade no mercado de projetos offshore.
Se pudéssemos mensurar e descrever toda a evolução tecnológica, em seus diversos aspectos, seria enfadonho e acredito que um só livro ou até uma enciclopédia não seria o bastante.
Utilizando ainda a Matemática, poderíamos dizer que a humanidade de uma forma geral cresce aritmeticamente, enquanto que a Tecnologia da Informação, aliado e evolução da Eletrônica, cresce de forma geométrica.
Acredito também que o futuro é inimaginável, pois nem mesmo o famoso Bill Gates, que já escreveu seu nome na história da humanidade, em seu livro “A Estrada do Futuro”, publicado em 1995, e com venda de mais de 2 milhões de exemplares, conseguiu com seu peculiar visionarismo prever de forma clara e objetiva os avanços e transformações tecnológicas na humanidade.
Na atualidade há uma realidade de robótica, inteligência artificial e computadores utilizando pesquisa de genomas, sendo capaz de efetuar 7,5 trilhões de cálculos por segundo e quem sabe não é um marco para novos profissionais que estarão daqui a 25 anos apresentando suas experiências.
fonte: http://tetera.com.br/tecnologia/o-impacto-da-tecnologia-de-informacao-na-sociedade-do-futuro/

Artigo publicado na revista Super Interressaante

A sociedade da Informação- "De onde viemos já sabemos - mas para onde vamos mesmo?"


         Não há como esgotar um assunto tão vasto e tão cheio de minúcias como o que está sendo abordado aqui. É muito interessante notar que, embora as histórias do computador e da Internet sejam muito recentes e estejam bem documentadas, ainda assim existem conflitos de interpretação de fatos. Será que exageramos a importância de alguns dos envolvidos e esquecemos de mencionar pessoas ou empresas que foram tão importantes quanto? Ou até mais? É possível. O poeta Fernando Pessoa escreveu, naquele estilo mais português, impossível dele: “O universo não é idéia minha. A minha idéia do universo é que é idéia minha”. Da mesma forma, este relato é apenas a idéia que os autores fazem do vasto universo dos computadores e da Internet. Nunca é demais relembrar outra frase, também atribuída a Pessoa: “Metade de mim delira, metade de mim pondera”. Ao rever qualquer história, ou quaisquer histórias, somos sempre como Pessoa, caixas ambulantes de ponderação e delírio. Cabe a quem lê recriar a sua versão da história e, novamente, do seu jeito, ser Pessoa.
Por isso, quando se entra no lado mais metafísico do assunto, aquele em que cada um tem a sua própria idéia e faz seu próprio julgamento, as certezas pessoais aumentam. As perguntas abaixo são muito ouvidas hoje, e as respostas espelham o ponto de vista e a experiência dos autores desta obra. Não são verdades universais, mas apenas tópicos para jogar mais lenha na fogueira virtual...
Já ouvi dizer que a Internet foi o meio de comunicação que mais rapidamente se expandiu no mundo, mas também ouvi falar que muito pouca gente tem acesso a ela. Qual das duas informações é a correta?
As duas. A primeira delas provavelmente você viu na estatística abaixo, que volta e meia é reproduzida em jornais e revistas:
 Quantos anos cada mídia levou para conquistar 50 milhões de usuários
 Telefone 70
Rádio 38
Televisão 13
Internet 5

Portanto, a Internet se espalhou em menos tempo, mas ao atingir a marca dos 50 milhões de usuários estava bem menos presente nos lares do que qualquer um dos outros sistemas. É claro que hoje ainda há no mundo muito mais telefones e bem mais aparelhos de rádio e tevê do que internautas surfando. E isso não vai mudar num futuro próximo, até porque telefones, rádios e tevês são (e serão), por algum tempo ainda, muito mais baratos que um computador. Leve em conta também a possibilidade da convergência, ou seja, de, num futuro breve, utilizarmos um aparelho só, que será ao mesmo tempo telefone, TV e micro. No começo do século 21, contam-se no mundo 7 bilhões de humanos e cerca de 600 milhões de internautas. Cerca de 50% da população mundial ainda não tem telefones, que já estão por aí há muito tempo.
Jamais, em qualquer circunstância, uma tecnologia, mesmo o arado ou a foice, foi disponível para todos os humanos. Imaginar um mundo linear, inteiramente plano e pleno em suas necessidades é uma das mais insistentes utopias humanas. Jamais veremos toda uma humanidade conectada, letrada, com os mesmos padrões de comportamento e de conhecimento. Nem a palavra escrita, que já tem 5 mil anos, nem o livro, seu mais perfeito hardware, foram capazes desta proeza. Independente de fatores como a distribuição de renda e os níveis de escolaridade, os internautas continuarão a ser parte do mundo, como os letrados. É nessas horas que o termo vanguarda e o conceito de inovação distinguem uns de outros, e uma parte do todo se destaca, mesmo não sendo maioria ou regra dominante.

Tudo o que eu preciso saber está na Internet?
Muitas vezes, a gente não se dá conta de que a herança cultural ocidental se espalhou por via oral. Muito mais do que escrever, os sumérios, egípcios, gregos e romanos falavam. O melhor exemplo disso é a Bíblia: quatro autores relatam os mesmos fatos do Novo Testamento - e existem diferenças marcantes entre os relatos. A explicação é simples: os textos foram escritos quase um século depois que os fatos ocorreram e não havia nenhuma fonte escrita onde pesquisar. Tudo se baseou na tradição oral, que já havia sofrido todo tipo de influência após 100 anos.
Sócrates, o principal personagem de seu tempo e um dos filósofos mais citados de toda a história, jamais escreveu uma única linha. Só bateu papo. Nós acreditamos que os gladiadores diziam ao imperador “Os que vão morrer vos saúdam”, porque alguém, que estava na arquibancada do Coliseu, ouviu, contou para alguém, que contou para alguém, que contou para um escriba, que achou importante deixar registradas aquelas palavras. Foi a partir desses esforços isolados que surgiu uma espécie de consciência histórica, a de trazer o passado oral para o presente alfabetizado. Aos poucos o livro, como instituição, cativou a imaginação geral com tanta intensidade que passou a ser aceito como instrumento vital para os civilizados contemporâneos.
O que a Internet possibilita é a abertura da maior biblioteca do mundo, dentro da casa de cada pessoa. Muito da sabedoria – e do lixo – que a humanidade produziu está ali, na telinha, ao alcance de um simples enter. Acreditar piamente em tudo o que circula pela Internet é um engano tão grande quanto preferir ignorar a relevância do conhecimento que ela pode proporcionar. No fim, tudo se resume ao que era há 2000 anos: ouvir com atenção, falar com convicção e, principalmente, saber tirar as próprias conclusões. A Internet não é um fim, mas apenas um meio, o mais completo colocado à disposição da humanidade até hoje, para que a raça humana continue a desenvolver o maior presente que a natureza lhe deu: saber pensar.

É possível gostar ao mesmo tempo de música, matemática e Internet?
Muitos pais, preocupados porque seus filhos não desgrudam do teclado, acham que não. E isso é apenas uma atualização histórica: Nossos avós diziam que nossos pais precisavam parar de ler histórias em quadrinhos (os gibis). Já nossos pais nos aconselhavam a assistir menos televisão. Para muitos pais de hoje, a Internet faz o mesmo que a tevê de ontem e o gibi de anteontem: deseduca.
Na verdade, existe uma relação quase simbiótica entre a musicalidade (a música, uma arte), a transformação de seres e coisas em números (a matemática, uma técnica) e a expressão da palavra falada em letras e símbolos (a escrita, um processo). As três coisas são apenas formas diferentes de ordenar o pensamento e transformá-lo em linguagens acessíveis, compreendidas por todas as pessoas. A Internet não é uma ciência, nem uma técnica, nem um processo. É apenas uma janela por onde as gerações atuais podem enxergar o mundo e aprender. Uma versão bem mais atualizada e muito mais rápida que os quadrinhos e a tevê. Com a vantagem de permitir uma multiplicidade de escolha que nunca sequer passou pela cabeça de nossos avôs...

Existem o tempo real e o tempo virtual?
O pensador grego Heráclito disse, há 3 mil anos: “É na mudança que as coisas repousam”. E olha que naquela época as mudanças eram tremendamente lentas, se olharmos para elas com a ótica acelerada de nossos tempos. Imagine que alguém lhe peça para preparar um material sobre atualidade tecnológica para ser apresentado daqui a apenas seis meses. Você se atreveria a escrevê-lo hoje?
A economia virtual repousa sobre as mudanças. É possível preparar uma agenda em tempo real (aquele em que uma semana vai de segunda a domingo e todos os dias têm 24 horas), mas ela pouco terá a ver com o tempo virtual (aquele em que tudo está em constante mutação e as sábias decisões de hoje cedo já não parecem mais tão sábias na hora do almoço, porque nesse meio tempo alguém apertou um botão na Malásia e provocou um efeito dominó no mundo inteiro). Embora isso pareça contraditório, fica a impressão de que o único tempo que existe de verdade é o virtual. Porque é nele – como pregava Heráclito – que as mudanças ocorrem. O tempo real é aquele em que tentamos fazer as mudanças se encaixarem na nossa agenda.

Haverá trabalho no futuro ou seremos todos consultores?
Uma vida de 60 anos equivale a 525 mil horas vividas. Alguém que trabalhe 8 horas diárias durante 30 anos terá trabalhado 80 mil horas durante toda a sua carreira profissional. Ou seja, apenas 15% das horas vividas, embora a maioria possa (e vá) afirmar que o trabalho consumiu 67% de sua existência.
O sono, as necessidades básicas e os cuidados com o organismo consomem outras 219 mil horas, 40% do total vivido. Restam, portanto, 226 mil horas para que cada um decida o que fazer com elas. Quase a metade da vida.
Admitindo que o mundo de hoje não é o melhor dos mundos, ele é, ainda assim, o melhor dos mundos que existiram até hoje. Nenhum saudosismo pode levar alguém a querer voltar a épocas onde havia escravidão, feudalismo, pestes, guerras, trevas culturais e, principalmente, uma expectativa de vida de 30 anos, em média.
Há exatos 100 anos um trabalhador francês dava um expediente de 14 horas diárias. A partir de 2001, está trabalhando apenas a metade, 7 horas. Nessa progressão (sim, é uma clara progressão, e nada indica que ela vá parar onde estamos hoje), chegaremos em breve a jornadas diárias de 5 horas. Ou 4. E não mais a cinco dias de expediente por semana, mas quatro, ou três. Quando isso ocorrer, um mundo completamente diferente substituirá o atual, e pouca gente consegue imaginar como ele será, até por falta de experiência anterior. É que, pela primeira vez, desde que o macaco desceu da árvore, há centenas de milhares de anos, o trabalho deixará de ser o centro de nossas vidas...
Você já deve ter ouvido alguém dizer: Eu trabalho 14 horas por dia, sete dias por semana. Acredite: isso não é bem dedicação extrema, é muito mais marketing pessoal. Ou então você entrou no túnel do tempo e deu de cara com um francês em 1901. Os hipertrabalhadores, se existem mesmo, são exceções. Porque ainda estão plugados na noção de que tempo físico é igual a produtividade. Eles terão mais dificuldade para se adaptar à sociedade da alta tecnologia, que libertará a raça humana da escravidão fabril e a deixará disponível para a educação permanente. Ou para mais lazer. Ou para não fazer nada.
Essa nova comunidade, a chamada Sociedade da Informação, está sendo criada agora. Ela se caracteriza por coisas como a abstração, a virtualidade, a conectividade e a qualidade do trabalho. E, como regra básica para que ela exista, as noções de tempo e de espaço que nortearam a humanidade nos últimos milênios terão que ser desmontadas e reestruturadas em uma nova ordem.
É claro que ainda não sabemos se melhorar a qualidade do trabalho vai significar mais ou menos trabalho, não do ponto de vista do tempo, mas da intensidade intelectual. Também não está claro se mais horas livres irão significar mais ócio ou mais negócio. Sabe-se apenas que o Homo faber vai se transformar em uma nova espécie, que pode ser o Homo ludens ou o Homo conectadus. Mas isso ainda não é bem conosco. Ainda. Nós talvez nem venhamos a ser os inquilinos desse novo mundo. Somos, por enquanto, os pedreiros que o estão construindo...

Vou ter de estudar pelo resto da vida?
Na era industrial, as organizações igreja, estado, exército, empresa funcionavam segundo suas próprias lógicas, que eram estanques e isolacionistas (ou, em outras palavras, cada uma achava que não tinha que dar satisfação de seus atos às demais). Então, quem ia para um seminário estudava apenas o suficiente para o desempenho da carreira clerical, sem se preocupar em entender a estrutura funcional do exército. Quem ia para uma empresa não estava preocupado em aprender as idiossincrasias do estado e vice-versa. O estudo era, portanto, direcionado a uma única atividade.
Na era pós-industrial, assistimos ao fenômeno oposto: à mescla das diversas lógicas organizacionais. Já era então preciso estudar um pouco mais para entender o suficiente sobre o funcionamento de outros setores. Foi uma época que rendeu frutos positivos e negativos: o estado montando e administrando empresas e a iniciativa privada buscando parcerias em setores antes ligados à igreja e ao exército.
Na era da nova tecnologia, os limites entre setores e as barreiras físicas estão sendo pulverizados. Ao mesmo tempo, desabam as catedrais cartoriais da sabedoria. Até bem pouco tempo atrás, um curso de engenharia demorava décadas para ficar obsoleto. Com as constantes mudanças da era da nova tecnologia, a base de aprendizado do engenheiro se expandiu para além das plantas e dos logaritmos: independente de sua especialização, é preciso que ele entenda, por exemplo, de sistemas de comunicação virtual. Caso contrário, sua educação ficará datada e ele terá de defender com unhas e dentes as únicas técnicas que conhece.
Assim, em qualquer setor, quatro anos de formação universitária básica já não são suficientes para preencher as necessidades do futuro próximo. E isso é simples de entender: há 80 anos, acontecia uma mudança tecnológica significativa a cada dez anos. E os cursos universitários já duravam quatro anos. Hoje em dia, ocorre uma mudança por ano, e os cursos continuam sendo de quatro anos. Proporcionalmente às necessidades, os cursos ficaram longos demais. Logo, é preciso complementá-los, constantemente.
É isso que na era da nova tecnologia se chama de formação permanente. O aprendizado à distância, sem sair de casa, deverá preencher uma boa parte daquele tempo livre que será gerado pela redução da jornada de trabalho. O documento que hoje chamamos de currículo será então parecido com qualquer coisa, menos com o que é hoje. Causaria espanto a gente pensar que os currículos serão atualizados por hora?

As empresas serão feitas para durar ou terão prazo de validade?
A Revolução Digital mudou o modo de cobrar impostos, de gerir negócios, de empregar recursos, de ensinar e de trabalhar. Criou profissões novas e aposentou outras, por absoluta obsolescência. Desordenou setores econômicos inteiros e redesenhou os arraigados parâmetros de produtividade das empresas. Ninguém, há meros 20 anos, imaginava que a sua empresa, forte e sólida, poderia ser vendida naquela mesma tarde.
Noções como autoridade, poder e subserviência vão sendo substituídas por autonomia, integração e autodesenvolvimento. Mas tem empresa que não é assim? Tem, de monte. Mas elas não controlarão o próprio destino. Há 4 mil anos, já havia povos vivendo na idade do bronze, enquanto outros seguiam satisfeitos com a pedra polida. Quem conquistou quem, nem é preciso consultar as enciclopédias para saber.
No ambiente moderno, os funcionários sabem os procedimentos e estratégias da empresa. Os temidos chefões dos anos 60 (aqueles que carimbavam confidencial em sua correspondência e administravam através da sonegação de informações) são hoje expostos ao ridículo. Eles ainda sobrevivem aqui e ali e defenderão até a morte seu direito medieval de gerenciar. Mas os novos administradores, mesmo que venham a ser vítimas temporárias de sistemas arcaicos, têm a obrigação de se preparar para o mundo que virá e não para o que está em extinção.
Portanto, as empresas podem – como sempre puderam – durar para sempre, desde que se renovem. O que mudou foi a velocidade da renovação.

Qual a influência da Internet nisso tudo?
Toda. O fenômeno atual tem como base o uso intensivo e ilimitado da comunicação interativa entre pessoas e entre empresas. A internet vem produzindo riqueza, promovendo o crescimento econômico e gerando novos empregos. E enterrando velhos princípios aplicados à economia, como a curva de Philips e as teorias de Thomas Malthus. Melhor ainda, a Internet cria desenvolvimento acelerado com inflação baixa. Para nós, brasileiros, acostumados que fomos a ter que escolher entre crescer com inflação ou conter a espiral inflacionária através da recessão, a nova onda soa como música aos nossos ouvidos.
Basta a gente voltar meros cinco ou seis anos no tempo. Quem se lembra, aí por 1995, da primeira discussão na empresa sobre abrir ou não um site na Internet? E, quando a decisão era abrir, a tarefa era confiada à área de marketing, que desenhava o site como um minioutdoor numa telinha de micro. Não era para vender nem para interagir com clientes e fornecedores, mas apenas para informar. Ou, pior ainda, só para ter um site, já que o concorrente tinha um. Quem, estando naquela mesa de reuniões, imaginaria que menos de mil dias depois muitas empresas estariam usando a Internet como seu canal privilegiado de contato com o mundo externo.
As universidades já não têm mais como objetivo preparar empregados competentes, mas empreendedores articulados, que depois poderão decidir se vão usar os conhecimentos adquiridos a serviço de uma empresa ou para abrir o seu próprio negócio. Uma recente pesquisa feita com universitários paulistanos mostra que já chegamos ao ponto de inflexão dessa curva: mais de 60% deles gostariam de trabalhar por conta própria depois de formados, mas menos de 10% arriscarão essa alternativa num primeiro momento. Olhando pelo lado positivo, a pesquisa revela que a cabeça da moçada já está feita – e que agora é só uma questão de tempo.

O que valerá mais no século 21?
Na era digital, a moeda forte de troca é a informação, acessível e universal. Independente da natureza da informação, a tecnologia necessária para transportá-la, editá-la ou armazená-la será a mesma e estará disponível em todo o mundo.
Com isso, haverá grandes bancos de dados interligados em redes nacionais e internacionais, associados a serviços seletivos e específicos. O usuário será um entre muitos milhões, mas ao mesmo tempo terá um tratamento único e personalizado, como nunca chegou a ter no supermercado em que, durante anos, fez suas compras todo fim de semana.
Essa situação está determinando o surgimento de um novo tipo de profissional, atualizado e com perfil de estrategista, que tem a capacidade de compreender, captar, analisar e interpretar a realidade de cada usuário. E, principalmente, de adaptar toda a tecnologia disponível a um atendimento rápido, eficiente e diferenciado. Quantos gabriéis por aí não se encantaram, no dia em que acessaram pela primeira vez um provedor, e na tela apareceu escrito: “Bom-dia, Gabriel”. E aí o Gabriel pensou: Impressionante, porque no posto onde eu abasteço o carro há anos os frentistas não sabem o meu nome. É essa primeira e inocente reação que, num breve futuro, vai se multiplicar à enésima potência: o Gabriel não irá mais ao posto: os postos, muitos, é que virão ao Gabriel.
A Sociedade da Informação colocará à disposição dos interessados um número fantástico de oportunidades individuais. Saber distingui-las e aproveitá-las é (sempre foi) uma questão individual. E nada será feito sem riscos ou seqüelas. No Brasil, chegamos atrasados à Revolução Industrial. Temos, agora, a chance de embarcar a tempo na era digital.

Quais serão as grandes empresas desse novo tempo?
Globalizadas e conglomeradas, as empresas de comunicação, informática e eletrônica é que ditarão a tônica dos novos tempos. E todas as outras – de qualquer setor – farão parte desse imenso quintal cibernético; caso contrário, se isolarão do mundo dos negócios.
Esse fenômeno de simbiose dos setores de comunicação, eletrônica e informática é algo que já surpreende, mas os limites da convergência dessa interconexão ainda não podem ser previstos. Uma das barreiras é (e será, durante algum tempo) o arcabouço legal e institucional de controle dessas empresas. As fronteiras físicas e os limites geográficos tenderão a desaparecer, e essa é uma idéia que certamente causa arrepios a muitos governos. Parece incrível, mas o que está acontecendo agora, longe do alcance das autoridades, é a montagem de um sistema muito maior que a Comunidade Européia, a Alca e o Mercosul juntos. De certa forma, um sistema pelo avesso, onde primeiro os usuários definem as próprias regras e depois os governos correm atrás para tentar enquadrá-las dentro de suas políticas legais, tributárias e territoriais, até perceber que seus parâmetros de controle não se ajustam à nova realidade.
O desenvolvimento se dará como a história da lesma que, de dia, sobe quatro metros numa parede e, de noite, escorrega três. O avanço e o retrocesso caminharão juntos durante um bom tempo, mas a grande diferença é que a lesma digital é turbinada. Os conglomerados de informação tecnológica e as empresas conectadas a eles acabarão finalmente prevalecendo e se tornarão a força propulsora da economia no século 21.

E eu, o que faço para acompanhar o ritmo?
Você tem a missão de juntar em uma só algumas profissões que até pouco tempo eram isoladas e tradicionais: as de bibliotecário, arquivista, engenheiro, programador e analista. Esse novo profissional não tem ainda um título para constar no crachá, mas vamos chamá-lo por enquanto de informata. Ele deverá estar apto a captar, filtrar, recuperar, distribuir e disseminar informações, para que a organização onde trabalha funcione melhor, mais rápida e eficientemente que suas concorrentes. O informata vai democratizar a informação, transformando-a num instrumento de treinamento, educação e progresso. Sua principal obrigação será a de gerar os meios para transformar a informação em ação. A segunda metade do século 20 viu nascer um profissional que nunca existira antes – e que não parecia importante no contexto das empresas até mostrar que era: o gestor de recursos humanos. Da mesma forma, o início do século 21 pertencerá ao gestor de informações. E não importa o que o informata estudou: pode ser engenharia, administ
ração, direito ou marketing. Tanto faz, pois ele vai ter de conhecer todas as outras e muitas mais...

Será que eu ainda vou ter meu próprio site na Internet?
Antes de mais nada, é preciso avaliar com extremo cuidado o crescimento dos portais de acesso. O mata-mata entre eles está implicando centralização da Internet e, portanto, derrocada de dois de seus mais sagrados princípios: a independência da auto-expressão e o trânsito livre pela rede. O que está ocorrendo é o contrário: o enclausuramento da informação em poucos portais. É como num clube: quem é sócio de um portal fica impossibilitado de freqüentar o conteúdo do outro. Isso pode até conduzir a uma outra Internet, muito mais exclusiva para alguns privilegiados, mas bem mais pobre para a grande massa do que aquela Internet que imaginávamos há cinco anos.
Folheando (ou acessando) a Bíblia, sempre um ponto de referência nas horas de dúvida e angústia, encontra-se uma passagem tão inspiradora quando assustadora, dependendo do ponto de vista. Quando o patriarca Abraão não hesita em Lhe oferecer o próprio filho em sacrifício, o Senhor suspende o infanticídio no último instante e premia Abraão. Diz-lhe que sua descendência será multiplicada como as estrelas no céu e os grãos de areia das praias, e que através dessa descendência todas as nações da Terra serão abençoadas. Até aí, ótimo. Mas então o Senhor complementa: “E, por teres obedecido à minha voz, tua espécie herdará o portal de teus inimigos”.
A Internet não foi criada para ser uma rede de inimigos. Nem um espaço para devoções ou sacrifícios. Muito pelo contrário, essencialmente ela é um reduto para companheiros de todos os povos, raças, origens e classes. Quando herdar o portal do inimigo começa a se transformar em um objetivo, quem vai pagar a conta serão os humildes e os puros de coração.
Você já está hoje na Internet, mesmo que não possua um site ou jamais tenha acessado a rede. Você é parte da rede como somos parte da humanidade e do meio ambiente.

Eu detesto computadores!
É normal. Na internet há centenas de sites do tipo Eu detesto catchup, Eu detesto reunião ou Eu detesto Mick Jagger. Sempre haverá quem deteste alguma coisa, e computadores não são exceção. Não é tanto uma questão de o que alguém detesta, mas por quê.
A maioria dos avessos ao computador vê nele o símbolo de uma mudança que ocorreu depressa demais. E, de uma forma ou de outra, a humanidade nunca tem sido muito favorável a mudanças bruscas. Há até quem deteste mudanças. Charles Chaplin, talvez o maior gênio da história do cinema, detestava o filme falado e foi o último cineasta a aderir a essa novidade tão óbvia quanto revolucionária. Hoje, há muita gente inteligente que se orgulha de não ter e-mail e excelentes escritores que decidiram não substituir sua velha máquina de escrever por um editor de textos.
No século 16, Galileu ofereceu uma visão totalmente nova do Universo, ao afirmar que a Terra girava em torno do Sol. Mas a Igreja Católica, confrontada com uma revelação que poderia abalar alguns de seus dogmas, ofereceu a Galileu duas escolhas: ou se retratar publicamente ou ser queimado na fogueira da Inquisição. Menos drásticos, mas igualmente cáusticos, foram os críticos de Charles Darwin no século 19: não podendo mais matar o autor, resolveram matar sua obra, ao proibir que seu livro A Origem das Espécies se transformasse em matéria de estudo e discussão nas escolas públicas. Mas há quem faça a opção pela não-mudança de forma consciente, e conviva muito bem com ela. João Cabral de Melo Neto, um dos maiores poetas brasileiros, nunca aceitou a mecanização de sua poesia. Preferia escrever à mão - e nem por isso seus versos tiveram menos brilho.
A era digital traz uma visão totalmente nova da sociedade, do progresso, do trabalho e da própria vida. Entre os que embarcaram nesse universo e os que preferem se manter no estágio anterior, começa a se abrir um abismo cada vez mais profundo. Pode-se argumentar que muito pior que a recusa em entrar por uma porta que leva a um futuro totalmente novo é a decisão de simplesmente ignorar a existência dessa porta. Pode-se até sugerir que os refratários pelo menos tentem e só depois decidam. Mas apenas isso: sugerir. Nunca obrigar. Mesmo a verdade da Internet, por mais verdadeira que já seja, não será, como nenhuma é, a verdade definitiva.

Então, o que é a verdade?
Foi a última pergunta que Pilatus fez a Jesus quase dois milênios atrás, para tentar entender tudo, de uma vez por todas.
E não houve resposta.